sexta-feira, 22 de novembro de 2013

AMOR

A 02 de janeiro de 1916, às 22 horas, Madre Imaculada e suas companheiras chegaram a Santarém. Apesar da hora avançada, muita gente desejou boas vindas a Madre Imaculada. Elas acompanharam as viajantes com lanternas acesas pelas ruas até o novo convento. Recebidos por Irmã Ângela, substituta da superiora, entraram na capela, decorada com flores. Terminada a oração e cantos de gratidão, elas trocaram notícias até tarde. Após duas horas de sono, levantaram-se. Logo, Madre Imaculada fez um giro pela casa que ainda precisava de muito trabalho para servir aos seus objetivos como convento, orfanato e escola.

Com os meios trazidos da Alemanha, especialmente os arranjados por Frei Beda Kleinschmidt, as Irmãs ampliaram a ajuda médica aos doentes. Enquanto estava na Alemanha, Madre Imaculada começou a aprender a diagnosticar doenças examinando a íris dos pacientes. Desenvolveu também a sensibilidade pela pessoa do doente, habilidade que contribuiu com o seu dom de diagnosticar. Logo os pacientes afluíram em número crescente pedindo ajuda e ajuda foi-lhes dada. Esse dom trouxe-lhe boa aceitação nos seus primeiros tempos nos Estados Unidos. O novo convento atraia um número crescente de doentes e necessitados. Com esse número, as Irmãs podiam também catequizar as crianças nas diversas capelas da catedral.

Em meados de 1922, ela ofereceu-se a si mesma como vítima pela santificação dos sacerdotes. Dom Amando transmitiu a escrita de expiação ao Papa Pio XI. No dia 27 de Julho de 1922, o Papa deu para isso sua bênção “não só com alegrias, mas de coração verdadeiramente grato”.

A casa de Santarém – escola e orfanato – precisava de recursos com o fim de ampliar o seu atendimento à população carente. Daí um convite de Dom Amando à Madre Imaculada para acompanha-lo aos Estados Unidos.

Desta viagem Madre Imaculada nunca mais voltou ao seu querido Brasil, pois sofrera uma queda que a paralisou e a prostrou no leito de dor por 16 longos anos. Mesmo assim, ainda foi capaz de dirigir a congregação. “Apoio-me naquele que é forte, precisamente nos mais fracos”.

Em 1936, ela entregou o cargo de Superiora Geral à Irmã Pacífica, sua enfermeira dedicadíssima, a fim de que as Irmãs tivessem “oportunidade de conversar pessoalmente com a sua Geral”.

No dia 23 de abril de 1938, chegou enfim a hora desejada de partir para a casa do Pai.  A congregação já se espalhara pelo mundo e o seu exemplo consolidava-se, para todos os tempos, como exemplo de dedicação, fé e incondicional amor.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Indo para Alemanha para buscar novos fundos para a construção do novo empreendimento, madre Imaculada partiu para Duesseldorf, onde chegou em 02 de junho de 1914. Pouco tempo após chegar, ela já havia enviado 32.000 marcos, ocasião em que eclodiu a 1ª guerra mundial.

Apesar da Guerra, conseguiu sair da área conflagrada através das zonas neutras dos países baixos, no final de 1915. Com o final do conflito, a Alemanha sairia derrotada e as associações internacionais rompidas. No período em que este em terras germânicas, iniciou a construção da casa da Alemanha. Apesar da guerra e de uma doença que adquiriu cuidando das vítimas da guerra, teve garantida uma casa de bom tamanho que teve o seu nome dado em homenagem à Nossa Senhora de Lourdes.  Esta nova sede se localizava em Münster.

Frei Beda Kleinschmidt visitou Madre Imaculada, em Münster, em outubro de 1915. Ele, um franciscano bem relacionado e influente, naquele tempo Ministro Provincial, ficou surpreendido pela iniciativa e espírito da Madre Imaculada, que conseguiu não só o seu contínuo apoio como também o da Província para a fundação de Santarém. Ele, por sua vez, incentivou o procurador da missão da província a cuidar das necessidades da comunidade de Santarém.

O mesmo periódico católico que havia publicado a cerimônia de 15 de agosto de 1913, atualizou seus leitores na primavera de 1915, relatando boas notícias. Não apenas a construção na Amazônia estava completa, "pelo menos nos seus aspectos mais importantes", mas a comunidade tinha uma casa na Alemanha onde eram recebidas e preparadas candidatas para o trabalho em Santarém e entre os índios. As Clarissas Missionárias entravam na categoria de "nossas missões" na Alemanha e, em Santarém, dentro do programa da nova igreja de Dom Amando.

No dia 23 de novembro de 1915, Madre Imaculada e seis candidatas seguiram para Amsterdã. Ela deixou a casa, em Münster, aos cuidados de duas jovens Irmãs, Francisca Bombeck e Elizabeth (Isabel) Mayer que tinham recentemente voltado do Brasil com essa finalidade. Então, ela e as seis candidatas cruzaram a fronteira entre a Alemanha e a Holanda, em Bentheim, e foram para o porto de Amsterdã. No dia 24 de novembro, elas tomaram o navio Gebria e, por mar tempestuoso, seguiram para Portsmouth (Inglaterra), Vigo (Espanha) e Recife, aonde elas chegaram a 12 de dezembro. Lá, esperaram durante dez dias pelo navio que as lavaria a Belém e a Santarém.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Depois da partida das irmãs chegaram a Santarém: Rita Corrêa, Margarida Viedenz e mais 10 jovens vindas da Alemanha.

Em 14 de setembro de 1912, a irmã tornou-se Madre Imaculada Superiora (tornou-se abadessa em 06 de janeiro de 1916).

O crescente número de Irmãs tinha que deixar o convento de origem, pequeno demais e comprovadamente insalubre. Madre Imaculada e Dom Amando adquiriram um terreno para um grande edifício. O tamanho da propriedade e o objetivo de sua aquisição mostraram o que eles tinham em mente. A comunidade pretendia assumir um papel maior na vida dos santarenos e da prelazia. Dom Amando e Madre Imaculada recorreram aos franciscanos da Alemanha, para arranjar fundos. Eles, por si mesmos, não tinham meios. Chegou um telegrama a Santarém com data de 03 de junho de 1913. Ele fora endereçado à Madre Imaculada e assinado pelo procurador da missão franciscana, em Dusseldorf, Frei Anacleto Brogsitter. E dizia: "Construir imediatamente" (Sofort bauen). Sob a direção arquitetônica do Irmão Bernardo Erkmann, Madre Imaculada e suas Irmãs puseram mãos à obra a fim de adquirir o teto e o espaço para servir ao povo de Santarém.

Quando o telegrama chegou, as Irmãs o levaram à Madre Imaculada. Todas elas temiam que trouxesse más notícias. Num relance, Madre Imaculada percebeu seu significado: a comunidade tinha o apoio financeiro para iniciar uma grande construção.

Ela fez as outras compreenderem que seria apropriada uma celebração. As Irmãs tocaram o sino e reuniram-se na capela para cantar o Magnificat e o Te Deum. Os franciscanos ouviram o sino e vieram correndo temendo más notícias. A alegria espalhou-se. Madre Imaculada enviou o Dr. Sarmento, Deputado Estadual, para Belém a fim de retirar o dinheiro posto lá por um banco alemão, ao olhar os números, não era muito dinheiro. Ele tinha importância simbólica: Madre Imaculada tinha um mandato da Alemanha para a construção. Mais importante, tinha ela a firme convicção de que o começo tinha que ser feito.

O lançamento da pedra fundamental para o convento, orfanato e escola tornou-se uma celebração pública. As Irmãs prepararam-se para a cerimônia através duma noite de oração. Então, depois das seis da manhã, as órfãs, as filhas de Maria, as irmãs e muita gente de boa vontade foram, em procissão, do convento para o lugar da construção, levando a estátua de Nossa Senhora de Lourdes.



"Não bastava relatar simplesmente a todos que haviam recebido a correspondência. E assim Madre Imaculada o fez". Quando ela leu o telegrama, imediatamente percebeu o seu significado. Ela usou a ocasião para um ritual alegre de gratidão, dando por iniciada uma grande celebração. As Irmãs, acompanhando o sentido dado pela Irmã, transformaram a ocasião num evento de crescimento e esperança. Elas ofereceram o lançamento da pedra fundamental à Santarém como prova de sua presença e de seu objetivo. À medida que elas celebravam, provavam também a si mesmas sua força e sua habilidade para conseguirem seus objetivos. E assim, o lançamento da pedra fundamental revelou-se como metáfora de salvação. Envolvia cada pessoa da cidade que se aproximasse: pais com crianças para educar, funcionários com responsabilidade pelo bem público, Filhas de Maria celebrando sua igreja e irmãs da Alemanha e do Brasil, as quais tinham entrado na vida religiosa para se santificarem no serviço aos outros. Madre Imaculada estava fundando a comunidade historicamente. O povo envolveu-se na ação e começou a trabalhar. Fez-se necessário e natural organizar e desenvolver organismo de apoio, na Alemanha.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

O Retorno às Atividades e o Inicio de uma Missão.

O Retorno às Atividades e o Inicio de uma Missão.

Voltando à sua amada sala de aula, Tombrock soube que deveria dedicar a sua vida a Deus. Acompanhada de sua Mãe, foi ao convento de Münster, onde não foi aceita por falta de vagas. Direcionada para outra cidade, foi aceita na pequena paróquia de Mülheim-Sichtigvor na diocese de Paderborn, onde  iniciou as atividades em 13 de agosto de 1909.

Nesta mesma época, chegou à Alemanha o bispo DOM AMANDO BAHLMANN, à procura de uma professora para o seu projeto educacional em Santarém, no Brasil. Já em Münster, estando prestes a escrever uma carta para as irmãs Clarissas manifestando o seu desejo de entrar para a clausura abandonando a carreira de professora, fez uma oração pedindo aos céus uma orientação em relação a esta decisão. Neste momento, como se uma reedição de milagre lhe tocasse a vida,  bateram à sua porta. Era um mensageiro que lhe trazia um telegrama do Bispo Bahlmann convidando-a para encontrar-se com ele, que, na ocasião, buscava uma professora para o seu projeto educacional em seu prelado no Brasil. Tombrock entendeu que esta era uma resposta de Deus. Dois dias depois, encontrou-se com o Bispo Bahlmann, em Duesseldorf, tornando-o ciente do seu desejo de dedicar-se à instrução e educação da juventude de Santarém, no Estado do Pará.

A pedido de Dom Amando, Elizabeth foi preparada para a missão pelas Irmãs Clarissas de Münster. Em 15 de agosto de 1910, Elizabeth recebeu o hábito branco e azul das Irmãs Concepcionistas que, dentro em breve, se juntariam a ela em Santarém.

Em 28 de setembro, Elizabeth chega ao Rio de Janeiro, dirigindo-se logo ao convento da Ajuda, das Irmãs Concepcionistas, que haviam prometido ajudar Dom Amando na nova fundação. Neste dia, um fato curioso narrado pela Irmã Dolores, gentil servidora do convento Dom Amando, na Bahia, elucida o quão difícil seria a adaptação da Irmã Elizabeth no Brasil. Sem falar português, ela dizia apenas: Ajuda, Ajuda... Sem que as pessoas entendessem que se tratava do convento da Ajuda. Não lhe faltaram mãos que se pusessem ao seu dispor em atendimento ao seu pedido, sem, contudo, resolverem o problema de localização de que era possuidora naquele instante.

Partem para seu novo destino, em 04 de outubro de 1910, as quatro irmãs Concepcionistas do convento da Ajuda no Rio de Janeiro e a Irmã Elizabeth, e chegam, em 13 de novembro de 1910, no porto de Santarém, à bordo do navio “Manaus”. A missão tinha como propósito a educação de crianças e jovens. Em 05 de dezembro de 1910 eles fundaram a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, a qual se dedicaria, a partir de então, aos mais variados labores missionários, sobretudo na instrução das crianças pobres, tão queridas à Elisabeth, que, ao iniciar seu noviciado, recebeu o nome de Maria Imaculada. Mais tarde, ingressaria nesta congregação, em 9 de fevereiro de 1933, a querida Maria Rita Lopes Pontes, nossa amada e inesquecível Irmã Dulce, com quem a Irmã Imaculada se corresponderia por intermédio de históricas cartas.

As 5 irmãs foram colocadas em uma residência, considerada pela Irmã Imaculada como úmida e insalubre, onde os catres as aguardavam para o merecido descanso. Madre Coleta foi indicada como abadessa por ser mais experiente e influente das quatro. Uma pequena casa as abrigou, chamada pelo Bispo de “uma casa grande”, a qual desempenhou um papel fundamental na história da congregação. Fora alugada pelo Barão de Tapajós, dado que à época, não era possível à congregação adquiri-la por ausência absoluta de fundos. Embora a casa já tivesse 25 anos de construída, as irmãs foram as primeiras moradoras.

A irmã Elizabeth começou o noviciado em 7 de dezembro de 1910. Em setembro do ano seguinte (1911), chegaram da Alemanha mais 3 postulantes: Theresia Prenger, Clara Angelkotte e Agnes Rewer. As irmãs mudaram para a casa nova, construída pelo Bispo, em 17 de dezembro de 1911, a qual ficava a alguns minutos do convento (o qual havia sido construído ao lado da casa). Elizabeth, Theresia, Clara, Agnes e Maria do Carmo seriam suas habitantes. As outras 3 Concepcionistas e duas noviças brasileiras  ( Águeda e Cecília) ficaram no convento. A nova casa foi então caracterizada pelo Bispo de Convento de Lourdes.

Em abril e maio de 1912, a nova comunidade sofreu uma redução. Duas das três noviças da Alemanha adoeceram e morreram (Theresia e Clara), vitimadas pela Febre Amarela. Uma em 10 de abril de 1912 e outra no dia 11 de abril. Ir. Agnes foi para uma casa de repouso e lá ficou até recuperar-se. No dia primeiro de maio Madre Coleta, Águeda e Cecilia viajaram para Tapajós para a missão do Cururu. Em 04 de maio, as irmãs da Ajuda, Madre Maria do Patrocínio e Madre Veronica voltam para o sul para os seus familiares. Logo depois, seguindo a mesma conduta das demais, seria a vez de Madre Maria do Carmo deixar o projeto. O convento de Lourdes foi utilizado para o isolamento de doenças contagiosas.



Foram as seguintes as irmãs de formação original:
Convento da Ajuda
Madre Maria do Patrocinio (1910 – 1912 – Voltou para o Sul)
Madre Veronica (1910 – 1912 – Voltou para o Sul)
Madre Maria do Carmo (1910 – 1912 – Voltou para o Sul)
Madre Coleta (1910 – 1912 – Missão do Cururu em Tapajós)

Alemanha
Elizabeth Tombrock
Theresia Prenger (1911 – 1912 – Feleceu de Febre amarela)
Clara Angelkotte (1911 – 1912 – Feleceu de Febre amarela)
Agnes Rewer

Brasil
Cecilia de Araujo (1911 – 1912 – Missão do Cururu em Tapajós)

Águeda Britto (1911 – 1912 – Missão do Cururu em Tapajós)

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Manifestação da Fé e Conversões

Manifestação da Fé e Conversões

Chegava a hora da despedida da abençoada cidade de Nossa Senhora e Elizabeth, numa última saudação, prometeu:
- “Mãe Querida! Em 15 de agosto do próximo ano eu voltarei! Se Deus quiser”
O trem partia contemplando todos os lábios que ainda entoavam o último cântico de homenagem à excelsa Rainha do Céu e da Terra.
- “Ave, Ave, Ave, Maria”
No dia seguinte, chegando a Lion, foram visitar a grande Basílica quando um senhor, se destacando de um grupo de visitantes interpelou Elizabeth:
- É a senhorita que foi curada em Lourdes ?
- Sim
- Sendo médico, peço licença para ver sua mão
Examinou-a então minunciosamente e continuou...
- Senhorita, durante toda a viagem eu a observei. Conheci facilmente qual a natureza e o adiantado estado da sua doença e, bem depressa, compreendi que era um caso perdido. Confesso-lhe que duvidei que chegasse com vida ao termo da peregrinação. Agora, porém, não sei o que dizer...
- Doutor, como Deus é bom! E, apesar disto, ainda há homens que não querem crer!
- Eu fui um destes – replicou o médico com as lágrimas a lhe correrem na face, pois há muito tempo que perdera a fé – Fui à Lourdes com o propósito de pesquisar qualquer argumento que me pudesse servir contra Deus e Nossa Senhora. Agora, porém, prometo – tomando a mão miraculada de Elizabeth – que vou defender aquilo que tinha a intenção de combater.
Com o coração transbordante de alegria, continuou Elizabeth a viagem.  Na estação de Estrasburgo, além de parentes e conhecidos, uma grande multidão de católicos as aguardava. Houve então uma cena tocante: Ao saltarem do trem, numa demonstração de absoluto entusiasmo e fé, todos, genuflexos, em plena plataforma, rezaram em voz alta:

“Creio em Deus pai, todo poderoso, Criador do Céu e da Terra...”

domingo, 17 de novembro de 2013

Como Aconteceu?

Como Aconteceu?

Era 15 de Agosto de 1909 – continua Elizabeth no raiar dos seus vinte e dois anos – “sentia-me mais extenuada que nunca. As dores eram tão violentas que, por diversas vezes, cheguei a desmaiar. 

Pelas duas horas da tarde, tive um grande desejo de visitar a gruta das aparições, a fim de poder rezar diante da Virgem Imaculada. Ao aproximar-me dela, porém, com muito pesar, senti desfalecerem-se as forças; reconduziram-me então á casa dos romeiros”.

Elizabeth expressou o desejo de tomar parte na procissão eucarística, às 15 horas da tarde. Levaram-na. Quando lá chegou, um sacerdote estava fazendo as orações que ,fervorosamente, eram repetidas pelo povo e pelos doentes:

“Jesus, filho de David, Tende Piedade de Nós!”
“Bom Mestre, aquele a quem amas, está enfermo!”
“Jesus, meu salvador, restabelecei-me a saúde!”
Na procissão tomavam parte muitos bispos, sacerdotes e milhares de fiéis com velas acesas. O oficiante, que levava o santíssimo, parava diante de cada doente, dando-lhe a bênção com a hóstia consagrada...
- “Chegou finalmente a minha vez” -  continua Elizabeth
- “Senti então como se Jesus pousasse a sua mão sobre minha cabeça e bem no fundo da alma ouvi estas palavras:  Filha, Sê Curada!”.
- “Neste momento, perdi a consciência do que me cercava. Parece-me que não foi um desmaio, pois senti-me invadida por uma grande felicidade, que me é impossível expressar, assim como, naquele momento, me foi impossível comportá-la no coração, sem desfalecer”.
Este estado durou cerca de vinte minutos, ao fim dos quais, totalmente recuperada, verificou com espanto que, com facilidade, podia flexionar os dedos.
-“Estou curada” – Bradava em alta voz.                                
Sofria de afonia quase total há dois anos e agora a sua voz bradava pela Esplanada da Basílica. Tiraram-lhe os pensos da mão e, nos dedos, não havia o mínimo vestígio das feridas; achavam-se revestidos de carne e pele, adquirindo os movimentos, perfeitamente sãos.
-“Não é possível descrever o que senti neste momento em que, pela primeira vez após oito meses, pude rezar de mãos postas”.

Foi cercada de romeiros que apertavam e beijavam sua mão. Acompanhavam-na até a gruta quando, ajoelhada, agradecia à Mãe Imaculada por tão estupenda graça. Após chegada a noite, participou da procissão das velas, depositando uma delas, facilmente conduzida por sua mão direita, aos pés de Maria.

sábado, 16 de novembro de 2013

Milagre e Vocação

Milagre e Vocação

Sem perder as esperanças, em uma situação de pleno desespero humano, por influencia de sua mãe e de duas amigas, recorreu ao santuário de Lourdes, aos pés dos montes Pirineus, na França, com o pensamento: "Eu colocarei minha vida e minha morte nas mãos de Maria". Neste momento a TBC já lhe afetava os dedos dos pés, o que implicava em grande planejamento para esta peregrinação. Pensou-se que a viagem a Lourdes aceleraria o fim da jovem Elizabeth. Em 9 Agosto de 1909, reunidos em Estrasburgo, partiram para Lourdes em peregrinação. Chegando lá, ainda à noite, às 21 horas, mesmo em estado desesperador, Elisabeth Tombrock foi levada ao santuário da Imaculada Conceição, fato este relembrado por ela anos depois:
“Momento solene, hora inesquecível! A alma sente-se longe do mundo e próxima do céu: Genuflexa em espírito, não mais sentindo nenhum sofrimento, nenhum desejo, de tudo esquecida, estava aos pés da Mãe Imaculada. Até então eu só tinha um desejo: ser curada. Nesse momento, porém, esqueci-me de tudo, até dos meus próprios sofrimentos. Num ato de completo abandono depositei a minha vida e morte nas mãos da Mãe do céu, com um único pedido:
“Ó Minha Mãe! Fazei-me de mim vítima para a salvação das almas. Só quero para mim o que Deus quiser. Aceito que me cortem o braço, se esta for a vontade de Deus; só vos peço que me deixe trabalhar na escola, em prol das almas infantis. Em caso contrário, porém, de todo coração, desejo morrer aos vossos pés. Dai-me vossa resposta, seja ela qual for, para a vida ou para a morte...”

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Irmã Imaculada

Irmã Imaculada.

"Temos que ver o grande campo missionário; devemos estar conscientes das mudanças que estão se operando na sociedade humana, nas condições de nossos tempos, os quais requerem novas tarefas e preparo para novos serviços."  Madre Imaculada (Capítulo Geral de 1930)

"Encher-nos de Deus para irradiá-lo aos necessitados – eis a vocação da Irmã Missionária" dizia Madre Imaculada.

"Senhor, dá-me um emprego onde eu possa fazer as pessoas felizes "


Elizabeth Maria Gertrude Tombrock, nasceu em Ahlen, Alemanha, filha de Guilherme e Ana Tombrock, cristãos autênticos, em 14 de Novembro de 1887. Teve como irmãos Will e José. Ela era uma criança frágil, com tendências à problemas de saúde. Por este motivo, foi levada à Pia Bastismal nas primeiras horas de vida, fato que ela, em toda a sua vida, considerava uma graça e recordava com muito carinho e gratidão à DEUS.

Aos seis anos de idade, viva e inteligente, iniciou o estudo primário. Sua primeira professora jamais foi esquecida por ela, mesmo nos anos quando já se achava no Brasil.

Foi o contato com esta professora que despertou, em Elizabeth, o grande ideal do magistério. Sentia-se fortemente atraída pelos pequeninos, sobretudo os pobrezinhos. Com frequência os visitava e não os esquecia em suas orações. Ouvindo que um sacerdote iria fundar um Centro Missionário entre os Índios, chorou muito por não poder acompanha-lo.

 Cedo, em sua vida, ela aprendeu a amar a Deus. D. Ana Tombrock estimulou-a a  acompanhá-la em visitas aos doentes e nas distribuições de comida aos pobres.

O Nome da Santíssima Virgem paira como um toque festivo de sino sobre toda a vida de Elizabeth. Sob a tutela carinhosa de sua bondosa mãe, preparou-se para a 1ª Eucaristia, a 22 de abril de 1900. O dia da sua primeira comunhão raiava como um dia eterno. No mesmo, recolheu também de sua mãe uma linda carta com orientações dignas de uma santa, cujo conteúdo realizou em sua vida com o heroísmo das almas privilegiadas.

Aos 2 de setembro de 1901, Elizabeth concluiu os seus estudos primários e revelou aos pais o grande desejo: Ser professora para tornar alegres e felizes as crianças abandonadas. Sua mãe respondeu: “Se você pretende encarregar-se da educação das crianças mais pobres, eu estou de acordo; Pode começar os estudos na Escola Normal”.

Entregou-se com ardor aos estudos, a fim de satisfazer as exigências do ensino. Alguns meses após a sua chegada, escrevia: “Estudo com o fim exclusivo de trabalhar para a salvação D´almas”.

Após um ano de estudo, sua saúde, que nunca foi muito boa, abalou-se bastante ao ponto dela pensar que o Senhor não a queria no Magistério.

Embora forçada, muitas vezes a faltar às aulas, dominava as matérias com tanta segurança que impressionava aos professores. Quando lhe faltavam energias naturais, o espírito de fé – herança de sua mãe – fornecia-lhe forças invulgares.

Apesar das grandes provações a que a submeteu o seu estado de saúde, a 18 de julho de 1907, recebeu o diploma de professora. Estava assim preparada a missão a que Deus a destinava.

Como professora, dedicou-se a educar com conhecimento, valores morais e, principalmente, um grande amor a Jesus e à sua mãe.  Sua carreira foi muito curta, porquanto, foi diagnosticada nela uma Tuberculose (TBC) em seus ossos. Eventualmente, esta doença, incurável à época, era prenuncio da morte iminente. Foi no outono de 1908 (4 de março de 1908) em que houve o atesto médico da doença, evidenciada pela presença de úlceras tuberculosas no dedo indicador direito, provocando afonia, pleurisia ( inflamação das pleuras pulmonares) e insuficiência cardíaca. Vários especialistas indicaram a amputação dos membros afetados como tratamento da tuberculose óssea progressiva. Depois de nove operações de mão – as quais, por causa da fraqueza do coração de Elizabeth, haviam sido realizadas "sem clorofórmio" , preparou-se para amputar a mão inteira, mas, os tubérculos já haviam ultrapassado o pulso. Os Médicos então indicaram a remoção do o braço todo para impedir a propagação da doença.

Mas o senhor operava maravilhas através de todas essas provações: Crescia nela uma inabalável confiança
em Maria. Pediu para ser levada a Lourdes, dizendo: “Nossa senhora há de me curar!”.


quinta-feira, 14 de novembro de 2013

ANIVERSÁRIO

Amigos,

  Há exatos 126 anos, no dia 14 de novembro de 1887, nascia na cidade de Alhen, Alemanha, filha de Guilherme e Ana Tombrock, Elizabeth Maria Gertrude Tombrock, a qual viria a ser conhecida alguns anos depois como Maria Imaculada. Aos 20 anos, recebe diploma de professora, pronta para exercer o oficio que mais desejava: “Estudo com o fim exclusivo de trabalhar para a salvação D´almas”.

De saúde frágil, a jovem Elizabeth desde muito cedo lutava contra as debilidades que lhes eram impostas, sem  perder a fé e o desejo de servir. Após um ano da sua formatura, tem diagnosticada uma tuberculose óssea (em 04/03/1908) que lhe afetava, além dos dedos das mãos e dos pés, as cordas vocais e o coração. Desenganada, em vias de ter o braço amputado, vai a Lourdes com uma certeza: “Nossa senhora há de me curar!”.

Assim, afirmando que “Eu colocarei minha vida e minha morte nas mãos de Maria", Elizabeth vai ao santuário e, durante a procissão é curada (sendo este um dos milagres de Lourdes reconhecido pela Igreja). Volta a casa com a certeza de que deverá entregar a sua vida em favor dos mais necessitados.  É aceita em Mülheim-Sichtigvor na diocese de Paderborn, onde  iniciou as atividades em 13 de agosto de 1909.

Chega ao Brasil em 13 de novembro de 1910 para fundar, em 05 de dezembro do mesmo ano, a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus.

Esta história você conhecerá inteiramente, com todos os detalhes, nas próximas postagens, acompanhem.