segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Materialistas, Graças a Deus! (Paulo de Tarso)

(Paulo de Tarso)

“Ora, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não censura, e ser-lhe-á dada”. (Tiago 1:5)
Carlos Roberto Richet, eminente cientista, médico, projetista de aeronaves, ganhador do Premio Nobel de Medicina, foi um daqueles seres humanos que trabalhou durante a sua vida para tentar mudar a ordem dos pensamentos vigentes, fenômeno que hoje em dia é conhecido como desrupção. Esta ocorre sempre que algo que é tido como certo, preciso caminho para a humanidade, torna-se, por obra de alguma descoberta ou novo sentido, ultrapassado e digno do esquecimento por parte dos que vivem o dia de amanhã.  Richet, ao defrontar-se com a evidencia de que havia pessoas produzindo fenômenos cuja manifestação se dava além das fronteiras do corpo humano, prostrou-se no trabalho de investigação dando origem à Metapsiquica, ramo da ciência que estudaria tais fenômenos. Contudo, mesmo convencido de que havia mais coisas entre o céu e a terra do que a sua imaginação podia imaginar, paralisou a sua marcha ante a incredulidade dos seus pares, cientistas materialistas, cuja opinião acerca dos colegas que tratavam das coisas do espirito como explicação para fenômenos naturais, não era nada estimulante. Somente a idade, que a todos atinge, lhe possibilitou asseverar com mais liberdade que não havia saída para o materialismo que não entender ser a fusão entre a religiosidade e ciência a revelação de tudo o que os tubos de ensaio não conseguiam desvendar. Em seu ultimo livro, intitulado providencialmente “Au Secours” (Em socorro),  destacou:
“Sou forçado a confessar que o progresso das ciências (que tanto honram a inteligência humana e lhe melhoram as condições de vida material) não transformará a nossa mentalidade, nem nos dará outra concepção do dever.
(...)
Como sou audacioso, afirmo que a humanidade necessita de uma religião, de uma adoração que não seja a do dólar, e afirmo também que as concepções da humanidade futura alcançarão muito além da explicação material e mecânica das coisas que nos surpreendem.
(...)
Essa nova religião, que pressinto nos sonhos vaporosos de minha imaginação, não será propagada  por um Moisés, um Cristo, um Buda, um Maomé. Não terá Messias nem profetas mas, ao contrário das demais religiões, suas bases serão científicas.”
Rendeu-se o materialismo de Richet ante as evidencias de que o caminho para as verdades concretas, em um mundo cada vez mais ilusório e imaterial, conduz-nos à espiritualidade em todo o seu esplendor.
Seguindo uma mesma linha, Albert Einstein afirmou: “A Ciência sem a religião é manca e a Religião sem a Ciência é cega”, antecipando o que seria hoje um dos principais desafios da humanidade: Transcender a sua realidade material em busca da verdadeira essência do ser.
Dentro de uma retrospectiva histórica, as religiões sempre trouxeram em seus dogmas os chamados preceitos morais. As “Leis Morais” chanceladas pela assinatura mágica dos Deuses tornaram-se para a humanidade o conteúdo de um manual de sobrevivência na selva. Viver bem significa viver em conformidade com as Leis de Deus.  Obviamente que, em cada tempo, a linguagem teve que se adaptar à cultura da época, visando atingir aqueles a quem a mensagem se destinava. No tempo de Moisés, as leis divinas eram de caráter fisiológico, dado que os homens daquela época tinham preocupação com seu corpo e suas necessidades carnais. Com Jesus, as leis foram emocionais e, traduzidas em um conceito pedagógico de ir do concreto ao abstrato, tornaram-se parábolas cuja interpretação pôde ser portada para qualquer época sem perder a sua atualidade. Na revelação Kardequiana, as Leis Morais voltam em uma releitura do evangelho de Jesus, acrescida de uma ascensão ao imaterial, à transcendência do ser que é material e espiritual ao mesmo tempo. Contudo, todas as Leis Morais, embora tragam conteúdos implícitos em sua forma de dizer, foram traduzidas, mais uma vez, ao “pé da letra”, em leis fisiológicas de comportamento. Mesmo os espiritualistas religiosos encontram dificuldade em exprimir em vivencia a sua realidade espiritual.
A vivencia de uma experiência carnal transcendente implica em tornamo-nos não crentes, mas conscientes de uma nova verdade; somos seres de composição dual, parte carne e parte espirito, por cujo equilíbrio lutamos em uma, dentre tantas, existências. Neste particular, a ciência deve seguir o rumo da lucidez e buscar em outras fontes a explicação para tudo que não pode ser visto sob a óptica Newtoniana da existência. Neste particular, o biólogo e cientista, diretor do projeto Genoma, Dr. Francis Collins, afirma com propriedade: “A ciência não é a única forma de aprender. A visão de mundo espiritual fornece outra maneira de encontrar a verdade”.
Apesar de dizermo-nos crentes de uma realidade espiritual, vivemos em um mundo de matéria concreta. Tocamos os objetos que nos cercam, sentimos os cheiros, percebemos as imagens de um mundo real e tudo isto nos leva a crer que temos dois universos físicos: um material e um imaterial ou etéreo. Neste particular, dedicamos parte do nosso tempo a cada um dos mundos, confrontando-os quando os limites entre um e outro parecem não existir. Vamos aos cultos do domingo carregando as preocupações com as nossas limitações materiais e deixamos os nossos pensamentos em devaneio quando devemos encontrar a realidade do nosso dia-a-dia. A conveniência nos impele a cada um dos cenários, sendo ainda hoje difícil a existência de ambos em um, na unicidade prevista e desejada pelo nosso criador. Disto resulta a nossa material espiritualidade. Vivemos no fisiológico e pregamos o espiritual. Talvez assim explique a nossa tendência de ler as leis de transcendência como Leis Morais e de abstrair as Leis Morais em leis espirituais apenas pela conveniência do discurso ajustado àquilo que queremos acreditar.
Como exigir da ciência uma postura espiritualista se nós, espiritualistas, insistimos em viver uma vida pregada no material? Talvez ajude a pensar um pouco ao percebermos o que o destacado cientista físico, ganhador do premio Nobel,  de cuja pesquisa resultou  um sólido respaldo à teoria do Big Bang, Dr. Arno Penzias,  afirma: “Os melhores dados que temos são exatamente aqueles que eu havia previsto, e eu não tinha com o que prosseguir a não ser os cinco livros de Moisés, os Salmos, a Bíblia como um todo”.
O Espiritismo, em sua verdade e em sua acertada estrutura tríplice, anteviu que o casamento entre ciência e religião é o caminho coerente para a transcendência. Quando Kardec trouxe a prudência na fé como instrumento de validação da doutrina, abriu as portas para que haja vida longa para todos os postulados asseverados pela espiritualidade. A ciência atual busca Deus em suas explicações e teorias, ajustando o passo para que consigamos a Ciência Religiosa ou a Religião Científica do futuro. A nós, cabe darmo-nos as mãos para a claridade e necessidade da nossa transcendência, galgando um futuro onde o misterioso será o normal, o extraordinário o quotidiano e o amor, essência plena da mensagem de Deus, será o único norte a ser conquistado pelas nossas consciências.
“A vida é curta. O índice de mortalidade será diferente para cada pessoa num futuro previsível. Abrir-se para a vida do espírito pode ser uma experiência enriquecedora. Não fique protelando a reflexão sobre essas questões de significado eterno até que uma crise pessoal ou idade avançada o obrigue a reconhecer o empobrecimento espiritual”. Dr. Francis S. Collins- A Linguagem de Deus.

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