terça-feira, 21 de agosto de 2012

O Tempo (Paulo de Tarso)



Esta noite perdido em pensamentos,
Deixei-me levar pelas músicas...
E me perdi no tempo.
Mal comecei, ainda era tardezinha, quando me dei conta, já era madrugada.
O sono em breve chagava e eu, absorto em minhas lembranças, sonhava...
Sonhava com um passado que já não existia mais, mas que em mim era só presente.
Era um agora que eu não vivia, mas sentia como sempre.

Ah! O Tempo!
Um nascer e um por do sol delimitam-no em sua essência,
Aguardar na sala aquele novo filho, uma eternidade...
A eternidade no colo da pessoa amada, um átimo de minuto.
Todos no mesmo tempo, mas em distintas durações.
Quem é você, oh Tempo, que não se mostra por inteiro?
Para cada um, o seu pedaço; em cada qual o seu quinhão.
Se és para mim tão pesado senhor, dai-me a forma de compreender o seu passar
Dai-me a força para não me arrepender de tê-lo conhecido.
Tempo, dai-me a permissão de viajar em ti,
E voltar naqueles dias de outrora, em que fui extremamente feliz...
Ou, nos tempos de agora, onde busco no amanhã as flores que ornarão o meu jardim da existência.

Oh! Tempo! Quanta mágoa guardei de ti!
Me tiraste a oportunidade de ficar ali, em contemplação, apenas porque outra atividade o exigia a presença.
E aquela soneca frouxa da manhã? Por que não me deixaste ali, repousando o meu medo de acordar?
Quantas vezes desejei não tê-lo? 
Mas, agora, vejo no passar dos anos, o quanto ainda tenho de ti.

Amigo Tempo!
Permita que o seu relógio não atropele os meus dias
Faz-me reconhecer que o que tanto resta do que me concedes é o quanto falta para começar em mim.
Por isto eu te peço, Tempo, ensina-me a viver-te.
Ensina-me, Tempo, a sentir-te...
Pois, se um dia despertou em mim para que eu nascesse,
Outro dia se porá em mim para que eu me vá
E, na essência deste espaço de sua falsa existência...
Terei vivido a minha vida, mesmo sem querer.

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