terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Deixe Jesus Nascer. (Paulo de Tarso)


Deixe Jesus Nascer.

O dia era 21, do mês de agosto, do ano 7 antes do inicio da era cristã, uma jovem chamada Maria e seu esposo José, saiam de Nazaré, rumo à Belém, atendendo a um chamado de Cesar Augusto, imperador de Roma, o qual evocou um censo a todo habitante do império. No caminho, como se não conseguisse pouso em uma estalagem, hospedaram-se em um estábulo protegendo-se do vento e do frio da noite, onde Maria, então grávida, daria luz a um menino, ao qual, segundo orientações antes recebidas, chamar-se-ia Emmanuel.
Nascia então Jesus, cumprindo profecia antes elaborada, a qual diria ser uma virgem a progenitora daquele que seria o Rei dos Reis, senhor do mundo e salvador da humanidade. Desde a visita do anjo Gabriel, Maria aguardava ansiosa a chegada do rebento que lhe traria muitas alegrias, porém, também as angustias provenientes da missão redentora a ele designada.
Desde Jovem, Maria, segundo nos relata Miramez, pela mediunidade de João Nunes Maia, era uma menina diferente. Talhada desde cedo para ser a mãe do messias, Maria impressionava a todos com o elevado conhecimento que possuía das escrituras e a forma madura com a qual respondia as questões mais embaraçosas feitas a ela com o intuito de provar a sua origem e missão divinas. Aos doze anos, Maria era sabatinada pelos membros do Sinédrio acerca dos diversos assuntos, desafiando aos mais antigos com respostas desconcertantes, levando-os a crer que, mesmo após anos de estudo e ostentação do saber divino, nada sabiam. Preocupavam-se os Rabinos com o cumprimento da profecia. Mas, intrigavam-se, por que o Rei haveria de nascer de uma pobre menina de Nazaré, uma cidade insignificante da galileia? Pensavam que um Rei deveria nascer às bordas do grande templo, homenageando as revências lá realizadas aos Deuses e mitos Judeus. Por que ali?
Esta resposta demoraria alguns anos para ser dada, quando já crescido, Jesus ensinaria o verdadeiro significado da riqueza.
Ao mesmo tempo em que Maria recebia as graças da natividade divina, Isabel, sua prima, receberia também a visita do anjo Gabriel, anunciando a vinda de João, aquele que seria o apresentador, o relações públicas, o revelador de Jesus. Da mesma forma que Maria, a gravidez de Isabel era improvável, não só pela sua avançada idade, mas também pelo fato de que era estéril.
Esta infância seria abalada por uma resolução de Herodes, o qual determinou que todas as crianças com menos de dois anos fosse morta, como forma de eliminar aquele que seria o seu sucessor, opositor e quem sabe, seu maior inimigo. Por este motivo, José e Maria foram para o Egito, retornando depois da morte do Rei, quando se tornou sem efeito a sua perseguição.
Ninguém sabe ao certo o que fez Jesus até os vinte e poucos anos, época em que reapareceu ao mundo, iniciando o seu périplo de paz. Talvez tenha sido um carpinteiro, ou talvez um hóspede dos essênios, povo nômade e caridoso que habitava a região, ou apenas um monge que tenha passado todo este tempo em meditação, aguardando o momento certo de começar, mas o fato é que Jesus trouxe a revelação divina ao mundo, a partir da qual, não seria mais o mesmo.
Antes de partir, Jesus olhava do alto das montanhas, contemplava as planícies ao cair da tarde, e pensava em seus pais.  O que seria deles quando partisse? Pensava em José, homem velho apresentado a Maria pelos sacerdotes com o intuito de torna-la uma esposa, impedindo-a de ser a virgem portadora do Gene Divino. Casado, José não teve a sorte de poder desposar a bela e Jovem Maria, tendo inclusive pensado em deixa-la quando soube da gravidez impossível. Aceitou-a depois de ter sido convencido pelos mensageiros da paz. Jesus pensava, seria injusto deixa-los? Ao mesmo tempo pensava, quem são os meus pais e meus irmãos? Pensava no mundo, na sua missão redentora e não teve dúvidas, deu-se ao mundo.
Iniciou sua jornada como pescador de almas. Simão Pedro, André, e tantos outros que foram sendo arrematados da simplicidade da vida. Homens rudes e ignorantes que, como hipnotizados pelos olhos daquele homem incomum, o seguiam assim, simplesmente. Não houve concurso ou exigências, era qualquer homem, publicano, fariseu, plebeu, criminoso, prostituta ou santo, ele não fazia diferença para escolher os que haveriam de lhe seguir. Assim começava ele a ensinar. Todos podem, inclusive aqueles a quem ninguém daria sequer um prato de comida, todos podem compreender as suas lições.
Vai ao deserto e, por vinte dias e vinte noites, jejuou e meditou, resistiu à tentação e voltou, pronto para escrever o maior legado à humanidade. O Sermão do Monte, por cujas palavras, Mahatma Gandhi viria a sentenciar: Se todos os livros da humanidade fossem perdidos e ficassem apenas as palavras do sermão do monte, nada haveria se perdido.
Foram três anos de trabalho, mensagens e curas, ministrando  uma aula que a humanidade jamais esqueceu. Jesus andava arrastando multidões. Uns, querendo assimilar seus conhecimentos, outros, impressionados pelos milagres realizados por ele. Curou leprosos, tornou à vida outros, libertou almas de atrozes obsessões, fez andar paralíticos, libertou consciências, escreveu o livro da humanidade. Quando tinha fome, multiplicava o pão; quando via tristezas, irradiava alegria; quando via a iniquidade, pregava a paz. De passo a passo, os simples e ignorantes iam se tornando pastores de um rebanho que se tornou, nos últimos dois mil anos, mensageiro da lei fundamental de um terço dos habitantes da terra.
No ultimo ano de trabalho, seguiu para a Judéia, nas proximidades da Páscoa, onde haveria de participar das festividades e dar à sua vida um final feliz. Aproximou-se de Jericó e, como um dos últimos atos de fé, curou um cego. Bartimeu, chamado assim por Marcos, inominado pelos demais historiadores canônicos, cujo comportamento ante ao mestre revelou o abandono das coisas da terra, a crença em um novo porvir. O Cego, tal qual revelara Jesus, viu a luz do mundo e a seguiu. Nasceu o homem novo e cumpriu-se a missão do mestre - Transformar vidas, ser o caminho e a verdade, ser a porta estreita, o caminho exclusivo ao Pai celestial.
Falou sempre por parábolas, ensinou, escreveu, viveu tudo que falou e profetizou. Era a Luz do mundo a iluminar o caminho da salvação. Amar a Deus sobre todas as coisas e ao seu Próximo, como a si mesmo. Uma lição simples e fácil de libertação.
Homens tiveram, como hoje ainda tem, dificuldade de ouvir esta mensagem e compreender o que ela significa. Assim, doídos pela impossibilidade de ser o que lhes parecia ser o inatingível ser, o sentenciaram e o mataram. Como matam ainda hoje centenas de homens de bem. A humanidade apegada aos prazeres de uma vida vazia age com repulsa diante dos exemplos edificantes de uma vida de paz. Assim morreu Jesus, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
Seria fácil pensar assim: Ele veio nos salvar, tirar de nós o pecado original e dar-nos vida, e vida em abundancia. Depois dele, a humanidade foi salva. Mas esta é uma lição mal entendida e, sinto dizer àqueles que nela acreditam, jamais seria possível de ser verdadeira.
Jesus nasceu, viveu e morreu, assim como deve ser em nós. Nasceu para mostrar o caminho, viveu para que olhássemos para ele e nos espelhássemos em seu exemplo vivo e morreu para libertar aqueles que, assim como ele, não precisavam mais da vida para aprender. No dia em que Jesus morre em nós, adquirimos a sapiência da lição. Não precisamos mais da sua imagem viva e na cruz a nos dizer o que é certo ou errado. Simplesmente, fazemos o certo porque ele está em nós. Sem precisar dos exemplos da vida, nos libertamos de Sansara, a ilusão material, o ciclo das reencarnações necessário ao expurgo das nossas imperfeições.
Deixemos Jesus nascer. Não importa se em 21 de agosto ou 25 de dezembro, deixemos que ele nasça em nós. Deixemos que ele viva em nós. Façamos da sua imagem um espelho e guia, um mapa a nos guiar pela vida. Quando soubermos o caminho, deixemos que parta, que o seu corpo pereça, e sigamos a sua alma, viva, presente e atuante em todos os nossos pensamentos. Que seja o ciclo da sua vida, dos seus exemplos edificantes a mensagem de paz a ser plantada em nosso coração, para que possamos viver, na plenitude da existência, a infinitude da presença e, ao final, alcancemos, como ele, a esperada libertação.
 Feliz Vida para Todos!
 Tarso

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