quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Por que não sei Amar (Paulo de Tarso)

Por que não sei amar.
(Paulo de Tarso)

Certa vez me disseram que o amor era como o sol, e logo corri para vê-lo, mas como o seu brilho era intenso, coloquei meus óculos escuros e me banhei de protetor solar para poder conviver com esta imensa luz. Por tanto proteger-me, não consegui senti-lo.
Saí em busca de alguém que pudesse me explicar melhor o significado do amor e encontrei um velho que passeava ao longo da estrada. Ele me explicou que o amor era como o vento. De pronto, um frio intenso me envolveu e a necessidade me fez colocar um agasalho velho que trazia em meu alforje. Abriguei-me de tal sorte que o vento passou e eu sequer o senti.
Um pouco mais adiante, vi uma criança que brincava à beira de um lago. Comentei que buscava o amor e ela me falou que ele estava logo ali, dentro do lago. Olhei para as águas límpidas e via minha imagem cansada no espelho iluminado pelo sol mas, como ventava muito neste dia, não pude perceber nada que já não conhecesse muito bem e logo conclui que, da mesma forma que os demais, a criança enganara-se quanto ao local de residência do amor.
Saí dali muito triste, cansado e desiludido, achando que o amor não existia, deitei-me à sombra de uma frondosa árvore, adormeci e sonhei. Sonhei com a minha caminhada, das buscas mal sucedidas ao amor quando me deparei com uma flor amarela, plantada bem diante de mim. Comentei acerca da minha tristeza e da vontade de encontrar o amor e ela simplesmente sorriu. Disse-me que quanto mais andava, não importava o que visse ou soubesse, estaria cada vez mais distante do amor. Para encontra-lo precisava apenas deixar de procura-lo. Acordei ainda intrigado com as palavras da flor. A vida inteira busquei incessantemente por algo que nunca consegui encontrar e agora vejo quão inócua foi a minha jornada. Velho e cansado, não tenho mais forças para procurar.
Lembrei da querida mãezinha que me dizia que em todas as situações da vida onde não houver respostas às nossas perguntas que perguntemos a Deus. Foi então o que eu fiz. Fechei os olhos e orei, orei com uma inabalável fé. Quando abri os olhos, diante de mim estava Ele, senhor de barbas brancas e túnica idem, olhando com olhar de criança irradiado tal qual a luz do sol. Em sua face, a sutileza do lago azul ornado por um jardim de infinitas flores. Ele apenas sorriu e se foi. Enfim, compreendi.  O amor está em mim e em tudo que existe, basta apenas ver.

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