domingo, 12 de maio de 2013

Homenagem às Mães - Mães de Luz. (Paulo de Tarso)


Mães de Luz
(Paulo de Tarso)
Um dia qualquer, em um lugar qualquer, uma mãe estertorava de dor. Em seu ventre latejavam contrações excruciantes, às quais se submetia com alegria. Lembrava-se do anjo, que um dia houvera-lhe dito que, da dor daquele momento, brotaria uma flor de luz por cujo brilho a humanidade pautaria dali por diante toda a sua existência. Lembrava-se dos momentos difíceis da sua vida e, em nenhum deles, aquele misto de angustia e alegria teria se feito presente. Era uma pessoa simples, de hábitos simples, por que razão logo ela haveria de ser fonte de brilho tão intenso? Perguntava-se como que ignorando a sua grandeza.
Expelira enfim o seu broto luminífero, deitada em uma estribaria à beira do caminho. Um garoto igual a tantos outros, mas que, aos seus olhos, parecia singular. Olhos que a fitavam no fundo da alma, sem que nenhuma palavra fosse necessária. Espíritos outrora prometidos, agora encontrados para uma nova passagem pela terra.
Carregava a sua cria pelo mundo a fora, ensinando-lhe coisas da vida e do além dela. Professora nata por cujo amor as lições eram proferidas sem titubeios, dado que, das ações naturais, lhes eram abundantes aquelas carregadas de virtudes. Pés descalços em solo árido, suportava as feridas da jornada sem reclamações. Maria era o seu nome, tal qual inúmeras Marias anônimas de igual mérito. Em um barraco, teto de zinco, ouvia o coachar da noite esperando avidamente que mais um dia aproximasse o seu garoto daquele adrede prometido destino.
Maria lavava, passava, costurava, sem perder do seu semblante sereno a alegria que emana do amor. O filho, embora acompanhasse a mãe em sua luta diária, apoiava-a com um gesto de carinho que as vezes insistia em lhe tocar a pele. Uma mão gorda e pequena alinhava o perfil daquela gigante desbravadora das provações a ambos apresentadas. Neste intercambio de infinito amor, crescia o menino, filho de Maria, ao qual fora dado um nome, mas que, apenas depois de muito absorver de sua mãe, por este haveria de ser conhecido.
Quando o anjo lhe aparecera naquele dia, dissera que de seu ventre sairia um filho da mais perfeita luz. A luz divina, por cuja fonte todos passamos quando da nossa primordial origem. Lembrava-se disto, quando as trevas às vezes insistiam em lhes apresentar dificuldades na existência, mas Maria, de pronto, lembrava-se do filho e, cheia de luz e de Graça, iluminava onde antes fora só escuridão. Filho e Mãe passaram a se alimentar da sua fonte, a graça divina da existência, por cuja misericórdia todos nós haveremos de nos redimir.
Desde este dia, em cada canto da terra, nascer passou a ser iluminar. Parir passou a ser tornar à terra a luz que dela sempre foi e, ser mãe, um gesto sincero de Deus para com os homens na tentativa de demonstrar a qualidade do seu amor. Decididamente, ao apreciar as mães, fontes de luz divina, compreendemos a forma de amar mais pura, pois daquela por quem viemos haurimos tudo aquilo que necessitamos, nada sendo necessário em troca, exceto o amor aprendido em cada dia do viver.
Marias, Joanas, Elisabetes, simples ou sofisticadas mulheres, atendendo ao chamado da geração dos filhos, tornam-se mães da luz de Deus. Fontes perenes de amor, por cujas águas tornamos toda vez que nos faltam forças para continuar. Ricas, pobres, Negras ou de qualquer cor; mães que nos acompanham, quer seja na plenitude das nossas vidas ou, quando amargurados, condenados, lapidados, caminhamos no suporte à cruz das nossas missões, rumo ao Gólgota onde haveremos de expurgar todos os erros desta e de transatas vidas.
Naquele dia, em um lugar de difícil lembrança, uma mulher despede-se do seu filho, o qual parte agradecido para uma nova jornada em sua evolução. Louvando a Deus por havê-la agraciado com tamanha benção, chora Maria aos pés da cruz. Seu filho parte amando-a para sempre, ansiando pelo breve reencontro na pátria mater que a todos aguarda. Em outro canto, o filho chora a mãe que se vai primeiro, lembrando que, para os que ficam, as lições do amor apreendido devem ser tais quais perfume de flor, exalando sem nenhuma distinção de quem o irá perceber. Lucigênitos seres, em ambos os casos, tornando aos braços do Pai Celestial após haverem cada qual cumprido o seu papel. Filhos tornar-se-ão pais e mães, igualmente fontes da luz celeste, igualmente filhos da potencial providencia divina, fontes primordiais de inigualável amor.
Mãe, seja este teu dia o dia de Maria; seja Maria o exemplo deste teu amor; seja o teu amor o motivo da nossa esperança; seja a esperança força pela qual caminharemos o caminho; seja o caminho, o rumo que tomamos para ir ao Pai, para, ao final de nossa imensa jornada, possa então compreender o tamanho da sua missão, a grandeza deste seu gesto de dor e o quanto somos gratos a Deus por termos vindo ao mundo por intermédio de ti.

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